(Fonte da imagem: Reprodução/iStock)
Com grandes centro urbanos cada vez mais populosos e violentos, os
sistemas carcerários de todo o mundo precisam evoluir para que os
detentos não possam fugir e cumpram suas penas em segurança (lembre-se
de que há grandes rixas entre facções criminosas) e com dignidade —
embora isso não aconteça em muitos países, não é mesmo?
Diferente das masmorras nas quais os infratores eram aprisionados com
meras correntes na Idade Média, as penitenciárias estão buscando na
tecnologia apoio para cumprir o seu papel de mecanismo de “recuperação”
de pessoas que tiveram desvios de conduta em algum momento de suas
vidas. Neste artigo, vamos mostrar para você alguns dos dispositivos
mais comuns em prisões de segurança máxima.
Um grande Big Brother
Toda penitenciária que possui esse status conta com grandes sistemas
de monitoramento compostos por dezenas e até centenas de câmeras
espalhadas por sua área. É de praxe que esse acompanhamento seja
permanente. Assim, os prisioneiros são vigiados 24 horas por dia, como
se fosse um verdadeiro Big Brother.
Geralmente, esse tipo de instituição também aponta suas lentes para o
seu perímetro externo com o intuito de flagrar possíveis movimentações
estranhas que revelem uma tentativa de fuga. Através de uma central, que
consiste em uma sala repleta de telas que exibem em tempo real tudo o
que acontece dentro e fora da prisão, os agentes penitenciários podem
saber de qualquer incidente no exato momento em que ele ocorre.
(Fonte da imagem: Reprodução/Vídeo institucional da Polícia Federal)
Algumas cadeias de segurança máxima inclusive proíbem que os
responsáveis pelo monitoramento das câmeras leiam ou ouçam rádio durante
a jornada de trabalho. No Brasil, as penitenciárias federais possuem
cerca de 200 câmeras — conforme informado em um vídeo institucional
liberado pela Polícia Federal através do portal R7.
Mecanismos antifuga
Além desse sistema de monitoramento, as cadeias de segurança máxima
têm dispositivos que captam movimentos próximos aos seus muros, emitindo
um alerta para que os agentes carcerários confiram o que está
acontecendo.
As unidades de aprisionamento da Polícia Federal, por exemplo, contam
com alarmes ultrassensíveis de movimento em suas cercas de arame —
outra característica comum, pois a estrutura vazada desse tipo de grade
facilita a visualização do que está do lado de fora.
Além disso, essas prisões federais possuem telas e cabos de aço
recobrindo suas partes externas, evitando a aproximação de um
helicóptero. Abaixo do pavilhão central, onde os detentos ficam alojados
e permanecem a maior parte do tempo, existe uma grossa camada de pedra
impedindo que túneis sejam cavados.
É bastante comum a existência de torres com seguranças armados em
pontos estratégicos da área da prisão. Em muitos países, esses agentes
são instruídos e liberados para atirar caso alguém tente entrar no
perímetro da cadeia sem autorização.
É válido salientar que os carcerários que trabalham dentro da
penitenciária não utilizam armas de fogo, pois elas poderiam acabar nas
mãos dos bandidos em caso de uma rebelião, por exemplo. Se um conflito
acontecer, eles têm a sua disposição armamentos de efeito moral e
específico para a contenção de tumultos.
Limitando o contato
Em uma prisão de segurança máxima, o contato entre os detentos e o
mundo externo é bastante limitado. Até mesmo as visitas são
rigorosamente controladas e monitoradas. Todas as pessoas que entram no
presídio passam por uma revista com detectores de metais e os pertences
carregados passam por espectrômetros.
Dessa forma, previne-se que armas, explosivos, drogas e produtos
tóxicos sejam passados para os presos. Além disso, muitas das
penitenciárias com alto nível de segurança realizam cadastros de todos
os visitantes, gerando um banco de dados com informações, fotos e
impressões digitais.
No parlatório, local no qual os prisioneiros podem conversar com seus
familiares, amigos e advogados, visitantes e encarcerados são separados
por um “vidro” produzido com materiais extremamente resistentes e que
são capazes de suportar qualquer tipo de impacto.
(Fonte da imagem: Reprodução/Vídeo institucional da Polícia Federal)
Não podemos esquecer que existem dispositivos que bloqueiam o sinal
de telefones celulares, impedindo que os presos se comuniquem usando
aparelhos que possam ter adentrado ilicitamente na cadeia.
Para aqueles presos que estão longe de casa, há a possibilidade de
realizar videoconferências. Essa prática tem se tornado comum nos EUA e
até as prisões federais brasileiras já possuem suporte para esse tipo de
atividade. Em situações mais específicas, até mesmo conversas são
gravadas por meio de microfones localizados na roupa do detento ou do
carcereiro.
Tendências para as cadeias no futuro?
Arquitetura
Na Malásia, uma equipe de designers e arquitetos elaborou um conceito
de centro de detenção bastante diferente. O projeto consiste em um complexo prisional suspenso no ar,
o que em teoria dificultaria as tentativas de fuga, devido à altura
potencialmente fatal de uma queda e à visibilidade que o fugitivo teria
aos olhos dos pedestres na parte de baixo.
(Fonte da imagem: Divulgação/TechFlesh)
A cadeia ainda teria espaços para manter um campo de agricultura,
onde os detentos poderiam trabalhar para se autossustentar e até
distribuir o excesso de alimento produzido para a sociedade. Fábricas e
centros de reciclagem também serviriam a esse propósito.
Visando reduzir os custos necessários para manter dezenas de agentes
carcerários, o teórico social Jeremy Betham projetou uma instituição que
manteria todas as celas em um local circular, de forma que fiquem
expostas simultaneamente. Dessa forma, apenas alguns poucos guardas
posicionados na torre no centro do prédio já conseguiriam manter a
vigilância sobre todos os detentos. Embora um presídio nesse estilo
tenha sido construído em Cuba, ele nunca chegou a entrar em
funcionamento.
Outra solução criativa foi pensada e realizada na Austrália. Lá, um
centro de detenção foi elaborado a partir de containers de transporte de
mercadorias em navios modificados para servir como celas temporárias.
Outra prisão na Nova Zelândia também passou a usar a mesma solução para
resolver problemas de superlotação.
(Fonte da imagem: Divulgação/Inhabitat)
Entretanto, o conceito tem causado muita polêmica, pois as condições
das celas em containers seriam desumanas — o que temos que levar em
consideração em se tratando de um país tão quente. “Morar” em uma caixa
de metal sob um sol de escaldar não deve ser nada agradável.
Agentes robóticos
Por sua vez, na Coreia do Sul estão sendo desenvolvidos robôs programados especificamente para fiscalizar penitenciárias.
Ao contrário do que muitos possam ter imaginado, o projeto não tem nada
de futurista, como um Robocop com armamento pesado. Na verdade, a ideia
é colocar androides móveis que circulam pelos corredores da cadeia para
identificar conflitos internos e movimentações estranhas (como
tentativas de fuga).
Esse guarda carcerário tecnológico é equipado com câmeras 3D para
observar as celas, além de possuir um software que o permite detectar
mudanças de comportamento — acompanhando constantemente o estado
emocional dos prisioneiros. Criado para trabalhar de forma autônoma, o
“guarda-robô” também pode ser comandado por meio de eletrônicos, como um
iPad. A qualquer sinal suspeito, ele aciona o alarme e avisa os demais
oficiais.
Eles estão de olho!
Em 2006, a cidade de Lelystad, na Holanda, ganhou uma cadeia que
emprega o que pode ser considerada a mais avançada tecnologia de
monitoramento. O sistema conta com câmeras distribuídas por todo o
prédio e braceletes eletrônicos no pulso dos detentos. Com essa
combinação, os oficiais são capazes de registrar imagens e identificar as emoções dos presos.
O equipamento eletrônico colocado no pulso dos prisioneiros serve
para rastreá-los e transmitir alguns de seus sinais vitais, os quais são
usados por um software para reconhecer o atual estado do seu
temperamento, sendo capaz até de diferenciar a exaltação da comemoração
durante um jogo futebol de uma discussão com comportamento violento.
As camas possuem telas LCD para que os presos organizem suas rotinas.
(Fonte da imagem: Divulgação/AllBestNews)
Cada uma das celas conta ainda com uma tela LCD sensível ao toque
pela qual os encarcerados podem organizar suas atividades diárias. Por
fim, um dispositivo usa a tecnologia RFID para enviar sinais a cada dois
segundos por toda a cadeia, permitindo que os agentes descubram se um
detento está em um lugar no qual ele não deveria estar naquele momento.
Conforto e mordomia
Todavia, nem todas as penitenciárias são lugares fechados, feios e
com níveis precários de infraestrutura. Algumas cadeias — poucas, é
verdade — mais parecem hotéis com um requinte surpreendente.
Suportando cerca de 200 prisioneiros, uma prisão na cidade austríaca de Leoben foi
projetada para ser um edifício ecologicamente correto, tendo muitas
janelas e aproveitando bem a luz do sol — sem contar a boa visão
externa.
(Fonte da imagem: Divulgação/TechFlesh)
Além disso, os detentos desfrutam de celas decoradas com mobílias
projetadas por designers e televisão. A prisão ainda tem jardins e
locais para a prática de esportes, como o tênis de mesa. Apesar de todas
as regalias, a taxa de reincidência de crimes é relativamente baixa —
apenas 20% voltam a cometer delitos, um valor bem mais baixo que o
mensurado em outras cadeias modernas, como as dos EUA, que apresentam
uma média de 50%.
Outra instituição nesse estilo está localizada na Noruega. A cadeia de Halden possui
celas individuais com banheiro privativo, toalhas branquinhas e TV de
tela plana. As mordomias não terminam aí: os presidiários ainda contam
com sala de jogos, mercado e até estúdio de som — algo muito distante da
realidade brasileira.
Na contramão, em Londres uma antiga cadeia foi restaurada e transformada em hotel,
oferecendo aos seus hóspedes a experiência de passar noites
encarcerados. Embora tenha instalações modernas, com sala de TV,
computadores com acesso à internet e um pub, o prédio ainda tem
resquícios do seu passado, como a recepção, dois tribunais e sete celas
originais.
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