(Fonte da imagem: Reprodução/Just Push Start)
A Brasil Game Show 2012 — a maior feira de jogos eletrônicos da América
Latina, que aconteceu entre os dias 11 e 14 de outubro — mostrou, tanto
para os brasileiros quanto para o mundo, a força que os games possuem em
nosso país.
Os dados apresentados na feira surpreendem: as
terras tupiniquins concentram cerca de 3,1 milhões de video games de
última geração, além de uma população de 45 milhões de jogadores — a
segunda maior do mundo. E este bom momento no universo dos games em
nosso país foi ainda mais exaltado devido a três presenças ilustres
durante a BGS: Sony, Nintendo e Microsoft, a “trindade dos games”, que
tiveram uma forte campanha no evento.
As grandes fabricantes
aproveitaram a BGS para mostrar conteúdos inéditos e fazer anúncios
direcionados ao país — e, caso você queira ver todas as novidades
apresentadas na feira, clique aqui e veja as notícias e os vídeos do site Baixaki Jogos, que fez a cobertura completa do evento.
Assim,
tal acontecimento em terras tupiniquins demonstrou a força que estamos
ganhando frente ao mercado internacional, especialmente se levarmos em
conta que o mercado de games na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos,
geralmente, não consegue atrair as três maiores empresas em uma mesma
feira, como aconteceu no Brasil.
Uma nova atitude em relação ao comércio brasileiro
Mesmo com a pirataria sendo um dos principais “vilões” do mercado de
games no país, as cifras estão aumentando a cada ano. O Brasil conseguiu
movimentar — segundo estimativas da consultoria PricewaterhouseCooper
(PwC) — cerca de 420 milhões de dólares em 2011, atingindo o patamar do
segundo maior mercado da América Latina, atrás apenas do México.
Além
das altas cifras, outros acontecimentos apontam para o forte
crescimento do mercado no país nos próximos anos. Um bom exemplo está no
PlayStation. Mesmo que outros consoles marcantes já tivessem sido
lançados oficialmente nas terras tupiniquins — como o Super Nintendo e o
Mega Drive, na década de 90 —, o PS não teve uma campanha de divulgação
pela Sony no país, e o “mercado informal” foi um dos principais
responsáveis pela comercialização desse produto.
(Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Na
época, duas explicações foram dadas pela companhia. A primeira estava
diretamente relacionada com a pirataria, já que a Sony afirmava que,
vendendo um produto por 80 reais, não teria condições de competir com um
jogo pirata que custa 10. Além disso, também havia uma disputa judicial
pelo nome PlayStation, que já ele estava registrado no país por outra
empresa.No entanto, como os brasileiros sempre se mostraram interessados em games e no desenvolvimento desse mercado, tudo começou a mudar nos últimos anos aos olhos das grandes companhias — que decidiram investir no país, mesmo com a pirataria. A própria Sony Brasil optou por lançar oficialmente a linha PlayStation 2 e 3 por aqui e comercializar os jogos para essas plataformas.
Amor e Damas
Em uma entrevista ao site Exame, o presidente da feira BGS, Marcelo
Tavares, deu um exemplo consistente quanto à mudança no quadro de
desenvolvimento de games no Brasil nesses últimos tempos: há cinco anos,
existiam 40 empresas do setor no país; hoje são 100.
Além
disso, empresas internacionais também quiseram se fixar por aqui. Em
2008, a desenvolvedora Ubisoft — responsável por grandes títulos, como
Assassin’s Creed, Rayman Legends e Watch Dogs — anunciou a abertura do
seu primeiro estúdio de produção na América do Sul. O local escolhido? A
cidade de São Paulo, que é a capital econômica do país e um forte
centro cultural.
Outra prova de como o Brasil está “crescendo” aos olhos dos estúdios
internacionais é o próprio jogo Max Payne 3, da Rockstar Vancouver. Toda
a história do game se passa em São Paulo e ainda traz uma homenagem
“escondida” à cultura brasileira.
No caso, todos sabem que o povo
brasileiro é noveleiro e que muitas das nossas produções fazem sucesso
não só aqui, mas no mundo. Por causa disso, a Rockstar colocou no meio
do jogo uma novela brasileira denominada “Amor e Damas”
— que ainda conta com personagens do nosso folclore, como o Curupira.
Cheia de drama, um roteiro estarrecedor e uma história com clichês de
romance, a novela de Max Payne 3 é para nenhum “horário nobre” botar
defeito.
Projeto Jogo Justo
Os gamers brasileiros encontram nos altos preços barreiras para se
adquirir alguns jogos. No entanto, com o crescimento do mercado no país,
tal questão não passou em branco para a Associação Comercial,
Industrial e Cultural dos Games — ACIGAMES —, que encabeçou, em 2010, a criação do Projeto Jogo Justo.
Tal
iniciativa propõe a redução dos impostos sobre os produtos de video
game — que podem ser taxados em até 80% por sua importação. Com isso, o
projeto também prevê o combate ao “mercado cinza”, que comercializa
produtos que entram no país por contrabando.
Em decorrência,
também foi criado o Dia do Jogo Justo, que, em 2011, contou com a venda
de mais de 58 mil unidades pelo preço “sem imposto”.
(Fonte da imagem: Reprodução/Jogo Justo)
Grandes
varejistas, como o Ponto Frio e as Livrarias Saraiva, aderiram aos
descontos, e o resultado de tal campanha foi imediato: games como Call
of Duty: Black Ops e Castlevania: Lord of Shadows se esgotaram até o
final do dia e, nas primeiras horas do evento, foram vendidos, em média,
sete jogos por segundo.
Cursos no país e a exportação
Hoje, a indústria nacional de games também vem ganhando espaço no
mercado de exportação. Segundo o americano Christopher Kastensmidt,
professor universitário do setor de jogos no Rio Grande do Sul, os games
são o produto cultural brasileiro mais exportado, pois não enfrentam
barreiras culturais e nem de idioma, como filmes e livros, por exemplo.
(Fonte da imagem: Reprodução/Guia do Estudante)
Além
disso, o potencial brasileiro na criação de games pode ser “medido”
pelo número de universidades que lançaram cursos nessa área. Algumas
instituições, como a Unisinos, oferecem graduação tecnológica em games.
Já a Universidade Anhembi Morumbi oferece o curso Design de Games, que
recebeu quatro estrelas na classificação do Guia do Estudante.
Outras
instituições de ensino, como a PUCRS, também ofertam especializações na
área. Assim, como o mercado de games está em crescimento no Brasil,
aumentam as perspectivas para que os profissionais ligados aos games
também ganhem espaço e ampliem o setor no país.
Fonte: CG Society, Jogo Justo, INFO, Zero Hora, Exame e Guia do Estudante
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