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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Você está viciado em tecnologia? Descubra aqui como se desintoxicar!

Por Caroline Hecke em 31 de Julho de 2013

Você está viciado em tecnologia? Descubra aqui como se desintoxicar!(Fonte da imagem: Reprodução/The Telegraph)
Você senta em um bar e observa as pessoas. Qual comportamento é o mais comum? Provavelmente, você vai descobrir que em todas as mesas existe uma ou mais pessoas que não largam o celular.
Seja para conferir suas redes sociais, ficar de olho em ligações, publicar fotos no Instagram ou fazer checkin no Foursquare: é difícil encontrar pessoas que não estão viciadas em tecnologia de alguma forma. Com a criação de gadgets cada vez mais portáteis e a integração de sistemas digitais em objetos do dia a dia (como o Google Glass), esse vício será cada vez mais comum.
Pesquisas já comprovaram que o vício em tecnologia pode ser semelhante ao vício causado por drogas, e a fixação por estar grudado no celular já tem até nome: nomofobia. Cientistas afirmam que em casos mais graves de vício as pessoas passam a sentir sensação de pânico, confusão mental e isolamento extremo.
Para quem fica longe da tecnologia, a sensação pode ser de ansiedade e depressão. Ao longo de pesquisas, uma universitária norte-americana confessou que seu desejo de estar “online” poderia ser comparado às crises de abstinências de pessoas viciadas em crack.
Já sabemos que o excesso de conexão pode ser prejudicial, mas como podemos diminuir o vício e passar a viver de uma maneira saudável? Neste artigo, nos propomos a mostrar para você algumas das possibilidades para quem quer entrar em um processo de desintoxicação.

Como saber se estou viciado?

Segundo o psiquiatra e especialista no assunto, Richard Graham, alguns dos sintomas são simples de serem identificados e funcionam como um alerta de que tem algo de errado na forma como o indivíduo consome conteúdo digital. Graham faz parte da equipe da clínica Tavistock and Portman, em Londres, que conta com projetos específicos para o tratamento de pessoas viciadas em redes sociais.
Você está viciado em tecnologia? Descubra aqui como se desintoxicar!(Fonte da imagem: Reprodução/HelpGuide)
Ele diz que recebe cerca de 100 pacientes com a síndrome todos os anos. Grande parte deles apresenta uma disfunção em situações simples do dia a dia, como adiar o horário das refeições, deixar a alimentação e a ingestão de líquidos de lado, dormir muito tarde e faltar a encontros ou chegar atrasado a compromissos, tudo para ficar mais tempo em frente ao computador.
O problema é tão grave que chega a afetar crianças. O programa de tratamento de Graham vem ajudando pais e mães de bebês que não conseguem se desgrudar de tablets e computadores, o que vem se transformando em obsessões incontroláveis dos pequeninos. Além da troca de atividades físicas e brincadeiras mais saudáveis, as crianças passam a apresentar um comportamento agressivo desproporcional à sua idade.

Mudando a rotina

O tratamento na Tavistock and Portman é radical. Tudo começa com um tratamento de choque: a abstinência total. Em seguida, são estabelecidos horários para que a pessoa volte às atividades aos poucos, com um limite diário.
Gemini Adams, escritora e viciada confessa, trata a sua compulsão pelo acesso a redes sociais trocando estes momentos por atividades saudáveis, como a yoga. Atualmente, ela passa apenas 30 minutos por dia em frente ao Facebook e permanece 24 horas sem internet em ao menos um dia na semana.
Ela diz que percebeu a necessidade de um tratamento quando constatou que, ao trabalhar, tentava abrir a rede a cada 20 minutos, mas, a cada vez que fazia isso, ela perdia mais de 30 minutos do dia em meio a distrações. Adams, que já foi fumante, diz que a sensação de abstinência é bastante parecida em ambos os casos. Ela, que é escritora, recentemente lançou um livro chamado “A Dieta do Facebook”.
Você está viciado em tecnologia? Descubra aqui como se desintoxicar!(Fonte da imagem: Reprodução/HowZzDat)
Para quem reconhece o problema e quer deixar de lado o vício, especialistas sugerem uma série de comportamentos. Uma das formas mais simples é preencher este tempo com outras atividades e hobbies.
Você pode, por exemplo, deixar de lado seus gadgets e tentar praticar atividades físicas e esportes, como a corrida, natação, futebol etc. Assim, você terá um tempo semanal (ou diário) para relaxar, manter a mente ocupada e evitar o contato com aparelhos eletrônicos.
Isso também vai ajudar a determinar uma rotina, o que, segundo pesquisadores, é a forma mais garantida de abandonar o vício. Para isso, você deve estipular um período diário de acesso a cada site, jogo, ferramenta ou, até mesmo, seu tempo-limite para uma jogatina. Isso vai evitar que você se empolgue e só perceba o quanto está envolvido no meio da madrugada, depois de perder horas distraído.

Use a própria tecnologia para combater o vício

Pode parecer paradoxal, mas a verdade é que alguns vícios podem ser controlados com o uso da própria tecnologia. Se o seu problema é estar viciado no Facebook, por exemplo, você pode fazer o bloqueio dele (e de qualquer outro site) seguindo este simples tutorial.
O tratamento de choque pode ser uma boa alternativa e ajudar a controlar sua compulsão pelo acesso. Outra ideia é apagar os aplicativos de acesso a redes sociais em seus gadgets. Embora não seja um corte definitivo no acesso, a atitude ajuda a diminuir a compulsão de “só mais uma olhadinha”.
Outra ideia é pedir que alguém conhecido (um bom amigo, seus pais ou seu cônjuge) mude suas senhas de redes sociais e email, garantindo que você tenha acesso somente quando for necessário. Você também pode fazer isso com a proposta de passar por um período de desintoxicação para voltar a usar os serviços de forma moderada.
Você está viciado em tecnologia? Descubra aqui como se desintoxicar!(Fonte da imagem: Shutter Stock)
Se o seu problema é muito grave, seu vício é prejudicial e nada disso funcionou, você pode tomar atitudes mais drásticas, como desativar (ou até excluir) contas em redes sociais, trocar seu celular por um aparelho mais simples, sem acesso à rede, ou se livrar de consoles e games que fazem você perder horas na vida real para ficar em frente ao computador.
Lembre-se: para os mais aficionados, isso tudo pode parecer loucura e pode ser até comparado com um suicídio social, mas, depois que você estiver um pouco mais distante deste universo, vai perceber que a diminuição do uso de tecnologias não é um bicho de sete cabeças.

Uma rede social contra as redes digitais

Algumas ferramentas específicas já começam a surgir para ajudar você a ficar longe das tentações e viver mais fora das telas de computadores e aparelhos eletrônicos. Um ótimo exemplo disso é o Diga Olah!
O projeto brasileiro consiste em um aplicativo baseado em interações sociais que mistura algumas funções conhecidas no Foursquare com a possiblidade de enviar mensagens a outros usuários. Basicamente, você ganha a possibilidade de mandar cartões, recados e conteúdos diversos para quem quiser, mas, para que a pessoa receba, é necessário que ambos estejam fisicamente no mesmo lugar.
Jean Hansen é um dos criadores do sistema e, em entrevista ao Tecmundo, ele diz acreditar que essa seja uma forma de incentivar o convívio social e a interação na vida real. Para motivar mais ainda os usuários, o Diga Olah! conta com um ranking que pontua e destaca aqueles que fazem mais atividades pessoais fora da rede, levando em conta o número de encontros feitos com o app.
“Com o excesso da tecnologia, estamos sempre ligados em tudo o que está acontecendo, mas existe uma consequência: isso faz com que as pessoas estejam se afastando, ficando sedentárias e até perdendo a atenção e a concentração no dia a dia”, diz Hansen.
“Alguns pesquisadores falam que é necessário cortar a tecnologia, mas hoje em dia é impossível ficar sem o contato virtual. O que nós precisamos, é saber a hora certa de desconectar. Então, a nossa solução foi usar a própria tecnologia para aproximar as pessoas no mundo real.” O aplicativo ainda está em fase final de desenvolvimento e a previsão de lançamento é para outubro deste ano.


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